14/10/2015

[Resenha] Misery - Stephen King

Título: Misery (Louca Obsessão)
Autor: Stephen King
Ano: 1987
Editora: Suma de Letras
Gênero: Terror












Olá amigos, como estão?  Amigos, eu sempre digo que um livro sempre nos traz algum aprendizado. Toda leitura é enriquecedora. E mais uma vez me surpreendi com isso, ainda mais vindo de um gênero de leitura como o terror.
  
Estou falando de Misery de Stephen King, que nos faz questionar o que na real é tão importante? E como em situações extremas mudamos nossos conceitos de mundo, liberdade e felicidade.


Paul Sheldon, escritor, ao acordar em uma cama, demora um tempo pra sacar o que lhe aconteceu. Foi resgatado de um acidente, na pista escorregadia de neve, por Annie Wilkes, “sua fã número 1”.

Annie, louca, fã neurótica de Misery Chastain, a protagonista dos best-sellers de Paul, pensa na sua insanidade estar fazendo um favor “salvando a vida dele”é preferível e mais inteligente morrer.
O desfecho do último livro de Paul, em que Misery morre, leva Annie a “surtar”, exigindo de Paul um novo livro devolvendo vida á sua heroína, coisa que Paul não imaginava acontecer, pois ele via isso como o fim de um cansativo ciclo. Paul se encontra ferido, debilitado, com muitas dores o inferno sentido no corpo  e totalmente dependente da psicótica Annie  que insatisfeita com o desfecho deixa aflorar sua personalidade ou eu deveria dizer doença? maníaca-depressiva.
Paul, que já sabia dos sintomas da tal patologia psiquiátrica, estava consciente do perigo que estava correndo nas mãos dela, não vê outro caminho senão o de trazer Misery de volta à Annie.




"Quando uma personalidade maníaco depressiva começa a entrar em um período de depressão profunda, um sintoma que pode  surgir são atos de auto-punição: tapas, socos, beliscões, queimaduras com cigarro etc."

Paul, vivendo um dia de cada vez, enquanto reescreve Misery, vai pensando em uma maneira de sair das garras de Annie a louca de pedra.
Aponto como ponto alto do livro a narrativa com toques de  humor, pois apesar de algo tão dramático, conseguiu me arrancar risadas.
Embora o livro também traga descrições (e que descrições!!!)
de tortura horripilantes, desde cortar um pé a golpes de machado, até arrancar um dedo polegar com faca de cozinha...afff, confesso q eu precisei fazer várias pausas durante a leitura pra pegar um ar fresco. Em um filme, pra se livrar de uma cena dessas viramos o rosto e esperamos passar, e no livro, o que fazer com tanta riqueza de detalhes??? 


Paul, apesar de tantas cicatrizes que carrega consigo e diante de exímio sofrimento nas mãos da psicótica, tenta tirar de suas feridas a continuação para as linhas e páginas que salvarão sua vida.

“Tire toda a roupa de um escritor, aponte para as cicatrizes, e ele vai contar a história de todas, até as menores. As maiores rendem romances, não amnésia.”

A descrição exata do medo impressiona, demonstrando tamanha sensibilidade que nos leva ao lugar, na pele de Paul : “no escuro se pensa com a pele”, faz o coração saltar e a respiração parar.
O mundo lá fora já lhe parece algo irreal, distante da loucura do universo de Annie psicótica paranoica, distante como o Estado Soberano da Realidade e a República Popular da Paranóia (aqui mais uma vez me arrancou risadas).
Ele, já envolto no universo dela, faz de tudo para ficar livre das torturas, sentado em sua cadeira de rodas, senta em frente a maquina de escrever dos tempos das cavernas e mergulha no universo de Misery para agradar a louca, mesmo que, sabendo do histórico homicida de Annie (como enfermeira, matou pacientes no hospital com uma naturalidade de quem corta as gramas no quintal), que o fim do livro pode significar também o fim de sua própria vida.
Como se livrar de uma psicótica sagaz como Annie? Como planejar uma fuga com pernas quebradas (que provocam dores constantes) sendo uma delas sem pé?
Paul conseguirá sobreviver?


 Te convido a entrar no universo de Annie Wilkes.
Boa leitura!!

                               Michelle Guerra